Castelo da Guarda
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O Castelo da Guarda localiza-se na cidade, concelho e distrito de mesmo nome, em Portugal

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Castelo da Guarda, Castelo da Guarda
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Description

O Castelo da Guarda localiza-se na cidade, concelho e distrito de mesmo nome, em Portugal.

Em posição dominante sobre a cidade mais alta do país, ergue-se a 1.056,3 metros do nível do mar. Apesar de muito descaracterizado pelas intervenções particularmente a partir do século XIX, os troços remanescentes de seus antigos muros ainda definem, em alguns trechos, os limites urbanos.

História

Antecedentes

Acredita-se que a primitiva ocupação deste sítio, num dos flancos da serra da Estrela, remonte a um antigo castro. No século I, à época da ocupação romana, esta povoação, próxima a um entroncamento de estradas, desenvolveu-se, com o nome de Lancia oppidana. Acredita-se, ainda, que o atual topônimo Guarda, modificação do neolatino Garda, originou-se no germânico Warda, empregado pelos Visigodos.

O castelo medieval

Informações mais seguras apontam para a construção de uma linha fortificada cobrindo esta região na passagem para o século XIII, momento em que Sancho I de Portugal (1185-1211) transferiu para aqui a diocese de Egitânia, dando novo alento à cidade. É a este soberano que se deve o primeiro foral da cidade (a Guarda nasceu já cidade por Foral de 27 de novembro de 1199) - nos mesmos moldes de Salamanca e de Numão -, e a quem se atribui o início do primeiro castelo, em posição dominante sobre a cidade, datando o chamado Torreão de 1187. No reinado de seu sucessor, Afonso II de Portugal (1211-1223), foi iniciada a Torre de Menagem (1290) e o troço norte das muralhas, junto à Porta d'El Rei.

Reformas posteriores, realizadas nos reinados de Dinis de Portugal (1279-1325), de Fernando I de Portugal (1367-1383) e de João I de Portugal (1385-1433), reformularam-lhe a feição original, conferindo-lhe o desenho que hoje se pode reconstituir em linhas gerais, embora a investigação se depare com o problema de atribuição dos troços e torres sobreviventes a um destes três reinados.

Foi na vila da Guarda que D. Dinis planeou, entre 1295 e 1296, as negociações diplomáticas que culminaram no Tratado de Alcanizes e na incorporação das terras além do rio Côa ao território português.

Posteriormente, no contexto da Crise de 1383-1385, tal era o apoio com que o partido de Castela contava entre a nobreza portuguesa que, no início de 1384, quando da primeira invasão castelhana, João I de Castela entrou praticamente sozinho em Portugal, antes mesmo de seu exército. A caminho de Lisboa, tendo chegado à Guarda acompanhado apenas pela sua esposa e por um pequeno séquito de cerca de trinta pessoas, foi recebido processionalmente pelo bispo da diocese e pelo clero, acorrendo depois numerosos fidalgos ao paço episcopal onde se hospedou. Segundo a tradição, na ocasião o alcaide do castelo, Álvaro Gil Cabral, trisavô de Pedro Álvares Cabral, levantou-se em armas, negando-se a entregá-lo.

No início do século XV, o castelo conhece nova etapa construtiva, com a ereção da chamada Torre Nova, junto à Porta da Covilhã.

No século XVIII, no Verão de 1704, D. Pedro II (1667-1706), em apoio à candidatura do arquiduque Carlos de Áustria ao trono espanhol, acompanhou-o à Guarda para planear a invasão da Espanha por tropas portuguesas; esta acabou por não se concretizar nesse ano, só sucedendo em 1706. Nesse século, o conjunto defensivo era constituído pelos muros onde se rasgavam: a Porta Nova (ou Porta da Covilhã), a este; a Porta do Curro e a Porta Falsa, a norte; a Porta da Erva (ou Porta da Estrela), a este, junto ao Torreão; no perímetro interno, assinalavam-se a Porta d’El Rei e a Porta Falsa, a norte; e a Porta dos Ferreiros, a este. Além dessas, subsistiam a Torre de Menagem (a sul), a Torre dos Ferreiros e a Torre Nova (ou Torre da Covilhã), a este.

Do século XIX aos nossos dias

Durante o século XIX, frente à expansão da malha urbana, começaram a ser demolidos os seus muros medievais, com a explosão das rochas que lhes serviam de alicerce para a abertura de ruas e a construção de edificações.

Ao final do período subsistia um troço de muralhas e a Porta junto à Capela do Senhor do Bonfim (1890) e um troço de muralha no terreiro do antigo Mercado dos Porcos (1898). No início do século XX subsistia um troço da muralha no antigo Largo do Espírito Santo, fronteiro à Porta d’El Rei (1910). Nesse momento, os remanescentes do castelo medievais foram classificados como Monumento Nacional por Decreto de 16 de Junho de 1910. Apesar dessa providência, registrou-se ainda, em 1935, a demolição dos troços de muralhas entre a cerca do Solar Torre Vasconcelos até à altura da Rua Tenente Valadim. Um novo Decreto, em 1951, ampliou a classificação para incluir, além do castelo, a Torre dos Ferreiros, o troço de muralhas junto à torre, e os demais troços de muralha remanescentes.

A intervenção do poder público iniciou-se na década de 1940, tendo sido executadas no período diversas intervenções de consolidação, limpeza e restauro pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN). Esse organismo desenvolveu uma segunda campanha entre 1956 e 1965, e uma terceira, entre 1984 e 1985, quando foram promovidas diversas beneficiações. Em 1989 foram executados trabalhos de prospecção arqueológica, a cargo do IPPC. Mais recentemente foram executados trabalhos de consolidação de muralhas (DGEMN, 1994), elaborando-se um projeto para a recuperação da Torre dos Ferreiros (DGEMN, 2004).

Características

O castelo apresentava planta poligonal irregular orgânica (adaptado ao terreno), em alvenaria de granito, abundante na região, e a sua arquitectura combinava elementos do estilo românico e do gótico. O conjunto compreendia dois espaços principais: a cidadela (alcáçova), dominada pela Torre de Menagem, e a almedina, delimitada pela cerca.

A Torre de Menagem, de planta pentagonal irregular, em estilo gótico, ergue-se no topo de uma colina, alicerçada na mole granítica. Originalmente apresentava dois pavimentos, acedidos por uma porta de verga reta. Atualmente o seu interior divide-se em três pavimentas.

A chamada Torre Velha, isolada das muralhas, de planta poligonal, com uma janela de arco de volta perfeita, caracteriza o recinto mais antigo, em torno da qual se erguia a alcáçova.

A chamada Torre dos Ferreiros, a meia encosta, apresenta planta quadrangular com porta dupla em cotovelo, com os respectivos arranques de troços anexos, sendo a principal referência da quase desaparecida cerca da cidade. Apresenta, em uma das suas faces, um dos Passos da Paixão originalmente integrante da Via Sacra.

Com relação às portas admite-se que a Porta da Covilhã e a Porta dos Curros, as mais afastadas na malha urbana, deveriam existir desde a construção inicial, uma vez que entre ambas se estende a Rua Direita, via principal do burgo. Paralelamente, um segundo eixo viário foi aberto entre a Porta da Erva e a Porta d’El Rei, longitudinalmente em relação à Rua Direita, cruzando-a a meio caminho, em época posterior.

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Remains of the castle